No que diz respeito à taxa de desemprego, as revisões agora efectuadas pelo FMI são ainda mais acentuadas. Os técnicos do Fundo estavam em Abril bastante apreensivos relativamente à capacidade do mercado de trabalho em Portugal reagir aos desafios colocados pela pandemia e projectava que a taxa de desemprego se situasse em 7,7% este ano, caindo depois para 7,4% no próximo.
Mas, agora, perante os números oficiais do desemprego que vão sendo conhecidos, o FMI passou a estimar uma taxa de desemprego já abaixo de 7% este ano (6,9%), com uma redução para 6,7% em 2022. Ainda assim, este valor fica acima dos 6,5% que o Governo prevê na proposta de OE para o próximo ano.
Menos positiva nas projecções do FMI para Portugal passou a ser a estimativa de evolução da balança externa. Em Abril, o Fundo manifestava confiança de que o país poderia regressar a uma situação excedentária na sua balança corrente com o exterior, mas agora projecta que, depois de um défice de 1,7% este ano, este ainda cresça para 2,1% no próximo.
A melhoria efectuada pelo FMI nas previsões para o crescimento económico em Portugal está em linha com aquilo que é feito para a generalidade dos países da zona euro. Em Abril, o crescimento projectado para as economias do euro era de 4,6% em 2021 e de 3,8% em 2022, tendo passado agora para 5% e 4,3%. O FMI vê a economia portuguesa a crescer menos que a média da zona euro este ano (depois de em 2020 ter caído mais) e a recuperar em 2022 parte do terreno perdido.
No entanto, quando se olha para as previsões intercalares feitas em Julho (apenas para as maiores economias mundiais, não incluindo Portugal), a revisão é bastante mais moderada para a zona euro e revela-se mesmo negativa para o total do globo, com o optimismo em relação aos EUA a diminuir consideravelmente.
O FMI vê agora a economia norte-americana a crescer 6% este ano, quando em Julho antecipava uma variação do PIB da maior potência mundial de 7%. O cenário menos favorável traçado pelo Fundo é explicado pelos riscos que os seus responsáveis vêem agora emergir em diversas frentes.
Particular motivo de preocupação merecem questões como a crescente desigualdade entre países criada pela pandemia, o contágio rápido da variante Delta em algumas zonas do globo, o aumento da inflação e consequente impacto na política monetária e as dificuldades logísticas sentidas nos fluxos do comércio internacional. ”
Fonte: https://www.publico.pt/2021/10/12/economia/noticia/fmi-reve-previsoes-alta-continua-menos-optimista-governo-1980783