“E se fossem as crianças a ensinar-lhe como poupar?”

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Os alunos terminam o 12.º ano e ingressam no ensino superior ou no mundo do trabalho sem que, a grande maioria, disponham de quaisquer competências no âmbito da Educação Financeira, imprescindíveis no século XXI.

Em algumas escolas existem experiências notáveis e que devem ser generalizadas.

No Agrupamento de Escolas Eça de Queiroz, realiza-se esta segunda-feira uma feira para comemorar o dia mundial da poupança, preparada pelos alunos 3º ao 6º ano, que desde 2013 começaram a ter aulas de educação financeira.

As palavras “poupança”, “essencial”, “supérfluo” já fazem parte do vocabulário dos alunos destas turmas. Aprenderam-nas nas aulas de educação financeira e garantem que as usam no dia-a-dia, ou que pelo menos as ouvem na televisão.

Eduarda Paixão é a professora que dá as aulas de educação financeira, da iniciativa da direção do agrupamento, partindo do Referencial de Educação Financeira, do Plano Nacional de Educação Financeira, na Escola Básica Vasco da Gama. O projeto da literacia financeira nas escolas teve início em 2012 em alguns agrupamentos do norte do país. Há três anos a iniciativa começou a ser também adaptada para algumas escolas em Lisboa, nomeadamente as do agrupamento Eça de Queiroz.

Apesar de dar aulas de economia na escola secundária do Agrupamento Eça de Queiroz, Eduarda Paixão aceitou a proposta da direção da Escola Básica Vasco da Gama. “Era um desafio interessante e aceitei. Gostei de tal forma do projeto que foi alargado para os alunos do 5º e 6º ano, e não apenas para os do 3º e 4º como acontecia inicialmente”, explica ao ECO. Além de outras áreas, foi criada a de educação financeira.

Dada a importância da temática e o sucesso obtido nesse ano, a direção do agrupamento alargou as aulas de educação financeira ao 2º ciclo, como disciplina integrada na oferta complementar.

Antes de já dar aulas aos mais novos, Eduarda Paixão frequentou a Oficina de Formação sobre A Educação Financeira nas Escolas – Referencial de Educação Financeira para a Educação Pré-Escolar, o Ensino Básico, o Ensino Secundário e Educação e Formação de Adultos, desenvolvida pelo Plano Nacional de Formação Financeira, orientada por formadores do Banco de Portugal, CMVM, DGE e ASF (Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões).

Nos últimos três anos, a professora passou a dedicar-se aos alunos que, segundo caracteriza, têm todo o gosto em aprender mais sobre a área financeira. Embora agora seja uma disciplina, para o 5º e 6º, a educação financeira começou por ser uma Atividade de Enriquecimento Curricular (AEC), como acontece, ainda hoje, com as turmas do 3º e 4º ano. Assim, por ser uma atividade opcional, nem todos os alunos têm a disciplina. Para o 5º e o 6º ano, estas aulas estão integradas na Área de Desenvolvimento Pessoal e Social.

A avaliação é feita tendo em conta os conhecimentos adquiridos dos alunos, atividades em aulas, mas não só. “Tento incutir nos miúdos que a parte financeira não é tudo, a solidariedade é importante e é preciso saber ajudar”. Não existem testes, mas cada aluno tem um portfólio onde colocam tudo o que fazem durante o ano.

Para as aulas, a professora socorre-se de um Caderno de Educação Financeira, cujo título é mesmo este, e Eduarda refere que já o usou para o segundo ciclo de escolaridade (quinto e sexto ano), mas também para o primeiro ciclo (terceiro e quarto ano).

“Tem exercícios, tem uma parte lúdica, aprende-se a brincar. O referencial de educação financeira é o mesmo, depende apenas do grau de profundidade e do ano com que estou a trabalhar”, explica a professora.

O dos pais é bom, mas o dos alunos é ainda melhor. “Os alunos adoram, acham que é uma coisa nova e a adesão é fantástica. Uma vez por mês fazemos um jogo que é o de quantas palavras já conhecem no âmbito da educação financeira e quando chegamos ao fim do ano são centenas!”, explica.

In: https://eco.sapo.pt/2016/10/31/e-se-fossem-as-criancas-a-ensinar-lhe-economia/