APROCES defende disciplina no ensino básico: Educação Financeira/Economia e Sociedade

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Que Educação Financeira?

Torna-se imperioso criar condições que permitam aos alunos desenvolverem as competências – chave que permitam perseguir os objetivos definidos no Plano Nacional de Educação Financeira de contribuir para melhorar os conhecimentos e comportamentos financeiros da população em geral, designadamente: melhorar conhecimentos e atitudes financeiras; aprofundar conhecimentos e capacidades na utilização dos serviços financeiros digitais; apoiar a inclusão financeira; desenvolver hábitos de poupança; promover o recurso responsável ao crédito; criar hábitos de precaução; reforçar conhecimentos financeiros na área empresarial, sem as quais, constituirá um sério revês para o desejado e necessário aumento da literacia financeira da população portuguesa e uma oportunidade perdida para os alunos adquirirem competências de natureza económico-financeiras, jurídicas e contabilísticas, indispensáveis para o exercício de uma cidadania plena e responsável.

A realidade portuguesa carateriza-se por as famílias portuguesas serem das mais sobre endividadas da União europeia e a população apresentar elevados (e graves) níveis de iliteracia financeira. O planeamento e gestão do orçamento familiar, a utilização responsável do crédito e a prevenção para produtos financeiros de risco ou situações de fraude e lesivas para os consumidores, são competências que os jovens portugueses, devem estar munidos para se encontrarem aptos a responderem aos desígnios de desenvolvimento que se colocam aos cidadãos no século 21.

A disciplina de Cidadania e Desenvolvimento inclui nos domínios a desenvolver, organizados em três grupos, os temas relativos a “Literacia Financeira e Educação para o Consumo”. O que se passa é que o mesmo é pouco desenvolvido na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento e não é abordado em qualquer outra área disciplinar, ao contrário dos outros temas abordados nessa mesma disciplina.

A disciplina de Educação Financeira visará promover a aprendizagem por crianças, jovens e adultos de assuntos relacionados com o dinheiro e as finanças pessoais, adquirir competências que permitam ser Cidadãos e não meros Consumidores, bem como questionar uma Sociedade de Consumo que “esmaga” o ser humano, que valoriza o “Ter” em detrimento do “Ser”.

Estes objetivos não se conseguem atingir “diluídos” na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, que é fundamental para formarmos cidadãos competentes, mas também humanistas.

E como é referido na nota introdutória do documento “Perfil do aluno do século XXI”, a escola é “…um lugar privilegiado para os jovens adquirirem as aprendizagens essenciais”.

Importância da Economia

A palavra “economia” é uma das palavras mais referidas ultimamente nos órgãos de comunicação social. políticos, jornalistas, políticos e as mais diversas pessoas falam de “economia”.

Ao refletirmos sobre acontecimentos ocorridos a nível nacional ou internacional sentimos a presença da economia no nosso quotidiano.

A luta por recursos como o petróleo e a água, estão na origem de muitos conflitos. As migrações dos povos dos países menos desenvolvidos para a Europa ou a contestação à atual globalização são situações de natureza política e social, mas também com causas económicas.

Mas afinal o que é a “economia”?

Não é apenas literacia financeira, importante obviamente, mas é falar de produção, do desemprego, um flagelo social que afeta as sociedades modernas, do papel das empresas, de produtividade e competitividade, de inflação, da riqueza do pais (PIB), do Orçamento de Estado e do seu impacto sobre o orçamento das famílias, de défice orçamental e dívida pública, do papel do Estado na diminuição da desigualdade na repartição do rendimento (Portugal é um dos países da Europa onde a desigualdade é maior), da pobreza que a todos nos envergonha, do comércio internacional, do papel importante do turismo no crescimento do país e outros temas que os alunos devem ter conhecimentos para adquirir competências que lhes permitam ter uma opinião mais fundamentada sobre o seu país e o mundo, para ajudar na sua transformação.

É fundamental promover e proporcionar competências necessárias para a vida em sociedade, preparando os nossos jovens para enfrentarem os desafios do século XXI, contribuindo para o desenvolvimento do país, mas também para uma sociedade mais justa, nunca esquecendo que o mais importante são as pessoas.

Essa disciplina, fundamental na sociedade atual, deverá ser inicialmente centrada na Educação Financeira (5º, 6º e 7ºs anos de escolaridade) e mais abrangente, porque centrada na Economia e Sociedade, nos dois anos seguintes do ensino básico (8.º e 9.º anos de escolaridade). Em ambos os casos com a duração de 45 minutos semanais.

Assim, torna-se urgente e inadiável criar condições que permitam aos adultos portugueses, estarem munidos das competências e conhecimentos que lhes possibilite responderem aos desígnios de desenvolvimento que se colocam aos cidadãos no século XXI.

É fundamental tomar consciência que o mundo alterou-se profundamente nos últimos 30 anos e que as “armas” para o combate às desigualdades e aos desafios, num mundo global, não se compaginam com as abordagens do século XX. É indispensável uma visão holística da sociedade e das suas problemáticas, orientada para fornecer aos jovens portugueses as competências fulcrais que lhes permitam vencer os (grandes) desafios que têm pela frente na aldeia global.

(resumo do documentoEm prol do desenvolvimento efetivo nos alunos de competências económico-sociais, promotoras de um cidadão consciente e responsável no exercício pleno de uma cidadania ativa”)