“Cocktail” explosivo para o endividamento das famílias

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As taxas de juro têm vindo a aumentar em Portugal, tal como na zona euro.

Assim, segundo o Banco de Portugal, nos empréstimos e depósitos para particulares a nível da habitação em abril de 2021 as taxas em Portugal situavam-se em 0,82 e no mesmo mês de 2022 situaram-se em 1,06 ( https://bpstat.bportugal.pt/conteudos/quadros/889 ).

Hoje dia 6 de junho, ultrapassou-se um novo patamar sendo que, como é notícia em todos os diários, “a taxa Euribor a seis meses, a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação, voltou esta segunda-feira a ser positiva, pela primeira vez desde novembro de 2015, ao ser fixada em 0,009%, mais 0,017 pontos do que na sexta-feira.” (https://observador.pt/2022/06/06/euribor-a-6-meses-positiva-pela-primeira-vez-desde-novembro-de-2015/).

Também segundo o Banco Central Europeu “as taxas de juro dos novos empréstimos à habitação na área do euro aumentaram, em média, para 1,47% em março. Trata-se do aumento mensal em cadeia mais acentuado desde 2011. Apesar desta subida das taxas, o volume mensal de novos empréstimos à habitação atingiu um novo máximo histórico.”(https://www.ecb.europa.eu/stats/html/index.pt.html)

O Banco de Portugal menciona ainda que: “A inflação na área do euro tem aumentado desde o início de 2021, atingindo os valores máximos desde a formação da união monetária. Este aumento é maioritariamente explicado pela evolução do preço dos bens energéticos. No entanto, a subida da inflação não se cingiu apenas a esses bens. No início de 2022, cerca de 80% dos produtos que compõem o cabaz do IHPC apresentava uma taxa de variação homóloga dos preços mais elevada do que a observada em média em 2018-2019. Cerca de 60% dos produtos apresentava uma variação de preços acima do objetivo de estabilidade de preços do BCE (2%). A aceleração generalizada dos preços refletirá em parte a subida dos preços internacionais das matérias-primas energéticas. Esse aumento terá afetado não só o preço dos bens energéticos na área do euro, mas também o preço de outros bens e serviços que utilizam essas matérias-primas na sua produção. Também as disrupções na oferta global de diversos bens não energéticos terão contribuído para a subida da inflação. O conflito militar na Ucrânia tem vindo a acentuar estas tendências.” (https://www.bportugal.pt/page/economia-numa-imagem-154).

A 16 de janeiro de 2022 o Jornal de Notícias havia referido que “uma eventual subida das Euribor agravaria o crédito à habitação, quando as famílias ainda recuperam da crise e enfrentam o aumento dos preços, com um acréscimo para 1% a significar mais 61 milhões de euros/mês pagos aos bancos” (https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/detalhe/subida-da-euribor-para-1-custaria-63-milhoesmes-as-familiase esse aumento chegou efetivamente. 

Estes indicadores a juntar a outros, como por exemplo, o aproximar das férias e depois as despesas inerentes ao início do novo ano escolar e, por outro lado, a manutenção dos salários nominais poderá constituir o “cocktail” explosivo para o endividamento das famílias.

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