31 de outubro – Dia Mundial da Poupança

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A importância da Educação Financeira dos mais jovens

Até 2023, as taxas de crescimento em Portugal andarão apenas na casa dos 1,5% (segundo o Conselho de Finanças Públicas). Na verdade os crescimentos mais altos verificados desde 2015 deveram-se à descida do desemprego. Mas, agora, passamos a uma outra etapa: para que Portugal possa crescer torna-se necessário aumentar a produtividade.

E para aumentar a produtividade torna-se necessário mais investimento, por forma a aumentar a produção e as exportações.

Mas, em 2019, que nível de investimento temos em Portugal? Com um baixo nível de investimento não haverá, certamente, o desejável crescimento económico.

Ora não podemos mais financiar o investimento à custa de défices externos (como aconteceu na primeira década deste século), pois a dívida externa já atingiu os 90% do PIB, enquanto em 2000 era de apenas 26%. Pior que a nossa atual dívida externa, na Europa, só temos a Grécia e o Chipre.

Se hoje em dia, em Portugal, o salário médio mensal é de apenas 911 euros e ainda 100,5 mil pessoas a receber menos de 310 euros líquidos por mês, que poupança poderemos ter?

Segundo as conclusões do 2.º Inquérito à Literacia Financeira da População, realizado pelo Banco de Portugal (2015), os resultados mostram uma forte relação entre o planeamento de um orçamento familiar e os hábitos de poupança em Portugal:

  • 59% dos entrevistados costumam poupar, mas destes apenas metade (30%) poupa com regularidade;
  • Quase 72% dos entrevistados preparam o orçamento familiar;
  • Cerca de metade dos portugueses que não fazem orçamento familiar (48,7%) também não poupam;
  • 41% não fez qualquer poupança ao longo do ano;
  • 88% dos que não poupam dizem que não o fazem por não terem rendimentos suficientes;
  • o rácio de endividamento das famílias portuguesas permanece acima da média da área do euro.

Numa economia perto do pleno emprego, como a nossa, dificilmente há crescimento sem investimento e este é impossível sem poupança.

E se, na Europa, a taxa de poupança das famílias é superior a 10%, em Portugal a taxa de poupança das famílias anda entre os 4 e os 5% (dados do Eurostat).

As baixas taxas de poupança são uma das principais restrições ao crescimento económico em Portugal, já que sem poupança não há investimento e sem investimento não há crescimento.

No nosso país, à semelhança do que acontece com outros países da União Europeia e/ou da OCDE, a Educação Financeira deve ser assumida como educação ao longo da vida, iniciando-se junto de crianças e jovens em idade escolar.

Mas,  o que temos assistido são a dinâmicas pontuais, que se desenvolvem de forma desigual nas diversas zonas do país, e que dependem, fundamentalmente, de iniciativas de um ou outro professor.

A grande maioria dos alunos terá, se o tiver (e isso temos vindo a constatar dos contactos com as escolas), 45 minutos dedicados à Literacia Financeira ao longo de todo o ano, integrada na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento.

Assim sendo, a APROCES entende que as nossas crianças e jovens, futuros cidadãos consumidores de amanhã, precisam de estar mais preparadas a este nível para a sua vida futura, não podendo completar os 12 anos de escolaridade obrigatória sem ter uma formação adequada na área da Educação Financeira.

Só, assim, estaremos a contribuir para fomentar a poupança e com esta o investimento. Só assim Portugal poderá alcançar o crescimento.

A Direção